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A arte do espetáculo

Guarda rios, 14.08.23

Uma coisa que nos caracteriza é a arte do espetáculo, é ficar a ver sentadinho ou a opinar com outros que se vão cruzando connosco o que estamos a presenciar, principalmente a vida dos outros, que é sempre mais interessante que a nossa. 

Claro que há situações que para mim, são desnecessárias.

Ontem, sábado, pelos vistos já tinha começado na noite anterior, ( eu não dei por nada), um indíviduo no meu prédio ao lado passou-se. começou por atirar tralha da sua casa pela janela, atingindo os carros que estavam à frente estacionados.

Quando dei pela situação, e fui à janela fumar um cigarro, já o aparato tinha começado há algum tempo.

Então era carros de polícia estacionados, a cortar a estrada, mais tarde apareceu uma ambulância e uma carrinha de choque.

Fiquei preocupada pelo meu carrinho que estava estacionado a poucos metros do espetáculo, mas felizmente estava ainda numa área segura.

Mas para além deste espalhafato, o que me surpreendeu  foi a quantidade de pessoas que se juntaram para ver o " espetáculo"!

Gente que passava e que estacionava ali para ficar a ver. Debaixo de uma árvore haviam grupos de pessoas a comentar, umas riam, umas mais sérias muito atentas ao desenrolar dos acontecimentos, outras claramente desorientadas a passar na estrada para trás e para a frente. Havia ainda em frente uns pequenos bancos de pedra e haviam pessoas lá sentadas a ver, tal e qual as câmaras a registar tudo ao pormenor. Havia ainda pessoal de telemóvel na mão a gravar.

Parecia que estávamos no cinema mas às claras. Claro que desci as escadas e perguntei ao primeiro transeunte o que se passava, logo que pôs a par da situação, retornei a casa.

O homem aparentemente, de vez enquando dava o ar da sua graça e aparecia à janela, ameaçando atirar mais coisas, ao que as pessoas gritavam para não o fazer. A polícia andava de um lado para o outro na estrada cortada, aparentemente sem nada fazer....

Quando tudo terminou, as pessoas lentamente retomaram as suas vidas, mas um grupo ( do meu prédio), continuava reunido em comício!

Dá-me a ideia que as pessoas têm um desejo perverso em ver as situações, muitas vezes nada fazendo, só mesmo para apreciar. Talvez, não sei as suas vidas sejam tão vazias, que algo em primeira mão lhes dê algo para se entreterem durante algum tempo ou talvez lhes dê uma situação de alívio, pois pensam que ainda não chegaram ao abismo que o homem chegou e que entre risos e comentários, ainda se encontram muito longe....

We´ll never know.

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