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Os dois amigos - Lenda árabe

por Helena, em 08.10.24

Os dois amigos -  Lenda árabe

 

Dois amigos viajavam pelo deserto, caminhando em amena conversa, apesar do Sol abrasador. Um deles, porém, sentindo-se contrariado pelo outro, encetou uma discussão. Erguia a voz, gesticulava e pouco faltou para insultar o companheiro. Em dado momento da contenda, não resistiu e esbofeteou-o. 

Admirado e ofendido, mas sem nada dizer, o amigo baixou-se e escreveu na areia: Hoje, o meu melhor amigo bateu-me no rosto.

Seguiram viagem, tristes e em silêncio. Absortos nos seus pensamentos, fixavam os olhos num ondulante horizonte de dunas e já caminhavam com dificuldade sob o ardor do Sol. Até que avistaram um oásis verde, emergindo da areia escaldante do deserto.

Mais aliviados à sombra das tamareiras, resolveram banhar-se comer e pernoitar no local.

Afastou-se um para recolher galhos com que pretendia acender um pequeno fogo. E o que tinha sido esbofeteado despiu-se, mergulhou na Lagoa do oásis e principiou a refrescar-se. Contudo, passados minutos, perdeu pé. E em breve se afogaria, não fosse a ajuda do amigo que, ao escutar os gritos, largou tudo e acorreu ao chamamento, mergulhando na lagoa e arrastando o companheiro para a margem.

Quando, ao fim de algum tempo,  este se sentiu recuperado, pegou num estilete, dirigiu-se a uma pedra e nela   escreveu: Hoje, o meu melhor amigo salvou-me a vida.

Intrigado, o outro perguntou: 

- Porque é que, depois de te bater, escreveste na areia, e agora,  que te salvei, foste escrever na pedra?

A sorrir, o primeiro respondeu:

- Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever na areia,  onde o vento do esquecimento e do perdão se encarrega de apagar as palavras. Quando, porém, faz por nós alguma coisa de verdadeiramente nobre, ah......aí devemos gravar as palavras que o recordam na pedra da memória e do coração, onde nenhum vento do mundo mas poderá apagar.

E assim se acharam reconciliados. E comeram, beberam e conversaram alegremente.

Depois puseram-se a contemplar a Lua e as estrelas até o cansaço os vencer. E mergulharam, por fim, num sono profundo e retemperador.

 

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