A detalhista
A minha mãe é uma detalhista exímia.
Quando falo com ela sobre qualquer tema, dá-me pormenores mais . Não quero dizer pormenores espatafúrdios porque também me parece exagero, mas dá-me uma quantidade exagerada de pormenores sobre qualquer assunto. Se estamos a falar sober contas, por exemplo, é capaz de me elencar todos os produtos que comprou no supermercado, o preço que estava o quilo, onde comprar mais barato, evitar os sítios mais caros, os sítios onde foi, fazer o quê; etc etc etc.
Claro que há dicas que dão jeito, mas ir até à ínfima questão de qualquer assunto, cansa.
Se estiver doente, transmite-me passo a passo o que aconteceu antes, depois, nos entretantos, até dizer por fim que se sentou no sofá.
Eu sou mais prática e vou direta ao assunto, corto caminho, ou detenho-me apenas nos aspetos essenciais para dar a compreender o assunto em questão.
Por um lado não é mau ser assim, tão detalhista, imagino que para escrever um romance, e há romancistas assim, detalham até ao ínfimo pormenor. Há qualidades nisso.
Mas para mim, que sou o oposto, infelizmente, corto muitas vezes a conversa com " avança, avança", para chegar mais rapidamente à conclusão.
E aí é que vem a frustração, a conclusão é tão detalhada como o desenvolvimento e não é nada doutro mundo.
Mas às vezes quando a história dela é bem contada, estamos desejosos que salte os pormenores e vá direto à conclusão.